Bibi

Então que nos últimos muitos anos eu fiquei cada vez mais próxima do assunto maternidade, educação, como lidar com crianças e ouvi-las. Hoje li um artigo que me fez lembrar de um momento importante que eu vivi. O artigo que eu li foi essa entrevista do pediatra espanhol Carlos González. Recomendo para pais de crianças pequenas, crianças grandes, de adultos. Para quem não é ainda nem pai nem mãe, e pra quem nem é nem pretende virar. Convivemos com crianças, alguns mais, outros menos. Mas sempre, em algum momento da vida, teremos por perto uma criança. Que seja sobrinho, primo, filho do vizinho ou do amigo. Quem aqui nunca teve contato com criança?

Voltando ao que eu queria contar.

Na vida, aprendemos muitas coisas, mas algumas ficam marcadas mais que outras. E por essa eu agradeço à Bibi, que me ensinou uma coisa muito importante, um pouco depois de completar 2 anos. Bibi é filha de uma grande amiga, e um dia, Bibi com 2 anos e eu com 21, aconteceu uma coisa que mudou minha vida. Sim, clichezão assim mesmo, mas mudou. A Lu, mãe da Bibi, saiu para levar os outros filhos em algum lugar. Bibi vinha da escolinha, cansada, perto da hora do almoço. A mãe saiu, falou tchau, daqui a pouco estou aqui. E Bibi ficou sozinha comigo. Ela se jogou no chão e começou a chorar. Eu, na ignorância dos 21 anos, presa aos “ensinamentos” da sociedade, a tudo que se ouve do que é certo ou errado fazer, de que não se deve pegar criança no colo quando está chorando, que criança que faz birra a gente deixa espernear, me perguntei “e agora, o que faço?”, pra minha sorte, e da Bibi, eu ouvi meu coração, que dizia “você não vai deixar esse bebê/criança chorando e ficar assim indiferente, como se nada estivesse acontecendo!”. Peguei a Bibi no colo, que encostou a cabecinha no meu ombro. O choro foi diminuindo, e eu fui percebendo isso pelo movimento da respiração no peito dela, que foi ficando mais calmo, tranquilo, até que ficou sem soluços, sem lágrimas. Assim, rapidinho. Bibi queria colo, queria carinho. Estava cansada e queria um pouco de afeto. Não era birra, não era manha, nada dessas coisas que a gente ouve. E ela não ficou “mal acostumada” por isso. O que aconteceu foi que ela me ensinou uma coisa muito importante: a ouvir mais meu coração, a escutar aquilo que eu sabia, mas que tinha esquecido que sabia.

Obrigada Bibi, por esse ensinamento tão valioso!

Bibi

Bibi oito anos mais tarde

esse post foi escrito e fotografado por Julinha Moreira (julinhamoreira@gmail.com)

Pin It

Leave a Reply

  

  

  

You can use these HTML tags

<a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>