Malha Materna – grupo terapêutico de tricô para gestantes

Seguindo a linha do último post, em que eu contei pra vocês sobre um site bacana, com várias receitas de tricôs para roupas, acessórios e brinquedos para crianças, vou contar para vocês hoje de um grupo bem bacana.

Esse grupo foi criado pela Elisa, uma amiga minha, que já apareceu por aqui com a família. Ela é psicóloga e nos conhecemos assim que eu comecei a faculdade (que eu parei em seguida, mas voltei alguns anos depois). A gente se conhecia mais de vista, mas nos últimos anos, fomos descobrindo várias afinidades. Gostamos de pensar sobre a maternidade, conversar. A Elisa já é mãe, e nas nossas conversas, eu aprendi muita coisa.

Se você está grávida, gosta de tricotar e quer um espaço para conversar sobre o que você vem pensando, entra em contato com a Elisa, tenho certeza que vocês vão ter muito o que trocar nesse grupo terapêutico!

Elisa

Pin It

Para as mamães que sabem fazer tricô, ou quem sabe as avós ou bisas?

Há alguns meses descobri um blog de trabalhos manuais: tricô, crochê, costura, bordados, tecelagem e craft. O principal foco do blog são os tricôs, e tem cada coisa linda! Ok, na verdade, vale a pena fuçar o blog todinho, tem muita coisa que vale a pena, e tenho certeza que você, mesmo não tendo assim tanta habilidade manual, vai conseguir achar alguma coisa simples pra fazer.

Já me apaixonei por vários projetos, por isso selecionei alguns dos meus favoritos, pensando nas crianças pequenas e nos bebês, pra apresentar pra vocês.

The Purl BeeArriscaria dizer que esse polvo é o meu favorito. Tem como não se apaixonar? Eu não sou uma pessoa lá muito entendida de tricô (ok, confesso, não sei fazer nada, só crochê!), mas dando uma olhada no molde, parece ser simples pra quem sabe fazer tricô. O site é super explicadinho, com fotos e texto descrevendo cada passo. Se você gostou do polvo e ficou com vontade de fazer, dá uma olhadinha aqui nesse link: Polvo do Purl Bee

Além do polvo, tem outros bichinhos também. Tem um urso gigante e hoje acabei de ver que eles postaram uma tartaruga de tecido!

E aqui coloco mais alguns dos meus favoritos, para vocês se inspirarem!The Purl Bee

Chapéus para recém nascidos do Purl Bee

The Purl Bee

Baby Jumper do Purl Bee

The Purl BeeMini Cardigans do Purl Bee

The Purl Bee

Chapéu divertido do Purl Bee

Imagens cedidas pela Molly do Purl Bee

esse post foi escrito por Julinha Moreira (julinhamoreira@gmail.com)

 

Pin It

Bebês não tem manual

Terça-feira de manhã abri meu e-mail e fui parar num link, enviado por uma amiga. No e-mail, minha amiga estava indignada, e eu tive a mesma reação quando li o artigo. No artigo “A maternidade no chiqueirinho”, o Infância Livre de Consumismo falava sobre um novo quadro no programa Mais Você, o “Game dos Bebês”, um reality show que tem como participantes mães e seus bebês, com competições e punições, além de orientações sobre educação, saúde e alimentação dos bebês. Em seguida, vi também o que o pessoal do Blog Mamíferas escreveu sobre o mesmo programa.

Fiquei chocada com o que li, com a falta de respeito em relação aos bebês, e a desorientação em relação a aspectos da saúde e cuidado do bebê e fui atrás dos vídeos do programa. Se é que é possível, minha indignação aumentou. E uso as mesmas aspas que o pessoal do Blog Mamíferas usou, ao se referir ao “educador” (Marcelo Bueno), que disse, às mães, algumas pérolas:

“eu acho importante, nesse momento,  já que estão todos andando, vocês acelerarem essa questão do desmame”

Outra coisa que ele também disse, foi que a criança passa por 4 ritos de passagem: andar, desmamar, falar e escrever. Concordo que são mudanças importantes na vida de uma criança, mas discordo que isso tenha que acontecer numa ordem pré determinada. Concordar com isso significa dizer que todos somos iguais, e esquecer da individualidade de cada um, que cada um tem seu ritmo, e que isso deve ser respeitado. É impor aos bebês que sigam um manual. E para quê? Para quem?

Por isso, convidei algumas mães, pra contarem um pouco da experiência delas com seus bebês, durante a amamentação e processo de desmame. Histórias diferentes, cada dupla com a sua.

Não quero dizer que essas três experiências são a verdade absoluta, e sim, que são histórias possíveis.

Obrigada Ju, Elisa e Mari, por dividirem suas histórias comigo e com os leitores!

 

Juliana, mãe do Líam (hoje com 3 anos e 11 meses)

Eu decidi seguir o tempo dele, ir sentindo o que ele queria e precisava. Por mim eu amamentaria até depois de dois anos sem problemas, mas cada um tem seu tempo e foi assim…

Na epoca ele já comia, sopa, desde os 6 ou 7 meses. Sempre amamentei por “livre demanda”, mas depois da introdução de comidas, as mamadas foram espaçando mais. Ele sempre acordou muito à noite para mamar, tinha vezes que dormia umas 6 horas seguidas, mas outras que acordava até 5 vezes por noite. Com uns 9 meses eu já estava esgotada, porque acordava em media 4 vezes para amamentar. Hoje sei que alguma coisa eu fiz de errado, ele acabou acostumando assim, mas… coisas que se aprende com experiencia… Então comecei a dar uma mamadeira antes dele dormir, ele passou a dormir bem melhor. Vi entao que o leite do peito já nao era o suficiente, que ele de fato ficava com fome, mas continuava amamentando quando acordava e durante o dia.

Acho que foi mais ou menos assim, agora não lembro se eu dava peito antes de dormir e mamadeira quando acordava. Continuei a ter muito leite, continuei amamentando, mas aos poucos fui sentindo que ele precisava de mais do que o leite do peito e bem gradativamente foi espaçando as mamadas. Com um ano quase não mamava, o leite também foi acabando.

Pra ser sincera, o processo foi tão natural e sutil que não me lembro de verdade qual fo o momento que ele parou mesmo. Ou seja, foi sem traumas, pra mim, e acredito que pra ele também.

 

Elisa, mãe do Dudu (hoje com 1 ano e 5 meses)

Só posso falar da amamentação através da minha experiência, que aconteceu neste momento a minha vida, com este filho. Assim, posso dizer que tem sido uma experiência maravilhosa e um tanto desafiadora. Não encontrei, como muitas, grandes dificuldades no aleitamento. Foram, no entanto, necessários grande esforços de adaptação para acompanhar as transformações. Transformações, na verdade, de vida, que vêm com a maternidade. Amamentação, aliás, no início se confunde muito com a própria maternagem.

Perceber que meu filho não era mais parte de mim mesma, que não habitava mais meu corpo por dentro, mas ainda dependia completamente dele pelo lado de fora foi um desses aprendizados. Despedir-me da imagem que eu tinha, de um bebê que mamaria e dormiria em seu cantinho foi um dos primeiros. Entender que o cantinho dele era eu, era meu peito, foi na verdade um alívio. Sinto que foi quando aceitei que a vida mudou, e quando pude permitir que essa mudança tomasse conta do meu ser.

Logo senti que mamar não era só leite, era o jeito que eu tinha de dar amor que era melhor recebido pelo meu filho. Naquele momento a necessidade dele era de aconchego, de ser acolhido do lado de fora como estava lá dentro, até que estivesse preparado pra mais que isso. Fui perdendo meus preconceitos, me revendo. Percebi que essa fase de amamentação é como um parênteses no resto da vida normal. Sabem as fases do desenvolvimento, tão faladas na psicanálise? Então, é como se fosse uma outra fase, que só conhece quem passou por ela. Coisa meio estranha mesmo, o foco muda, se você deixar.

O peito, meu peito, deixou de ser tão privado. As lindas lingeries da lua de mel deram lugar a esquisitos sutiãs com janelinhas para amamentar. E a doação era quase total. Cansava? Sim, às vezes era cansativo, mas encontrava onde recarregar as energias – num banho quentinho, num abraço gostoso (nos raros momentos de braços livres, meus e do meu marido).

Toda a plenitude da gravidez foi dando lugar a um lindo relacionamento que se construía.

E os aprendizados do pós parto também foram ficando ultrapassados e a vida demandava novos ajustes. Fui percebendo que eu já não era tudo na vida do meu filho, e tive que aceitar que em poucos meses meu peito já não era mais tudo o que ele queria pôr na boca – como assim, eu aqui disponível e você prefere esse brinquedo?? Resisti bravamente a mamadeiras e chupetas, porque os entendia como substitutos impostos e desnecessários, já que eu tinha deixado minhas outras atividades para cuidar do meu filho. Mas agora era ele que queria ir pro mundo. Tudo bem, vamos lá então.

Assim tem sido, cada avanço de uma vez. O peito ainda está disponível, mas cada vez menos solicitado. Já não dorme sempre mamando, nem sempre pede para mamar quando precisa de consolo.

Respeitar seu tempo foi fundamental, e isso só foi possível ao olhar para ele. Olhar no fundo e para ele, ele mesmo. Procurando me segurar, pra conseguir ver quem era cada um de nós.

Sua primeira palavra, aos 9 meses, foi “mama”. Mamãe ou mamar? Não sei, nem sei se tinha muita diferença na época. Hoje, com quase 1 ano e meio tem, e muita. Mamar é importante, mas tem tantas outras coisas neste universo de mãe e bebê! Hoje se alguém me pergunta até quando vou amamentar, digo que não sei. Tanto faz se é a mãe, a melhor amiga ou uma desconhecida na rua (sim, nas raras vezes em que ele ainda pede pra mamar em público, acontece de alguém vir fazer perguntas íntimas como essa!), a resposta é a mesma: não sei, não sei mesmo. Estamos caminhando para que a amamentação deixe de ser uma necessidade, deixe de ser uma realidade. Procurando sentir nosso tempo. O meu, o dele, não sei se esses tempos vão coincidir. Mas sei que esse tempo é nosso, de nós dois, não maior nem menor do que o estabelecido por quem quer que seja. Considero que sou uma pessoa saudável, de bom senso, que saberia pedir ajuda se estivesse difícil. Como também sei que não teria conseguido sem o apoio de todo um círculo – marido, família, profissionais, mães-colegas. Amamentação envolve sim o resto do mundo – mas o lugar deles é do lado de fora da dupla, deixando apenas que ela exista e flua, sem intromissões sem convite.

Ah, e sobre as lingeries, sim, elas foram resgatadas do fundo de uma gaveta por meses esquecidas, e agora coexistem com os sutiãs de janelinha. Porque em mim também coexiste o ser mãe e o ser mulher, de uma forma integrada.

Mariana (mãe da Alice – hoje com 5 anos; e do Lucas – hoje com 2 anos e 4 meses)

na foto, Lucas mamando, aos 4 meses, com a sonda da translactação (foto cedida pela Mariana)

Minhas duas histórias de amamentação foram complicadas. Vou tentar resumir, mas quem quiser detalhes encontra tudo o que já escrevi sobre esse assunto aqui.

Meus filhos não engordavam mamando no peito. Aparentemente minha produção de leite era bem baixa, mistério que nunca entenderei. Então complementei as mamadas usando o método de translactação: o leite foi dado através de uma sondinha que o bebê suga junto com o peito. Dessa maneira estimula-se a produção de leite, mantém-se o vínculo do ato de amamentar e evita-se o uso de mamadeira (que pode ser um fator de desmame precoce). O complemento era uma mistura de leite materno e fórmula, já que só o leite que eu extraía com a bomba não era suficiente.

No segundo filho, quando vi a história se repetindo, procurei uma especialista em amamentação e juntas percebemos que havia de fato uma dificuldade na produção (ou na saída do leite, não sabemos). Só para deixar claro: eu não estava fragilizada, desempoderada, descrente da minha capacidade de amamentar ou nada do tipo. Estava apenas tentando solucionar uma questão bem objetiva: leite insuficiente. Ela me passou uma série de orientações e fomos tentando estimular a produção, para aos poucos abandonar a complementação e recuperar a amamentação exclusiva – o que nunca aconteceu, apesar de todos os esforços.

O processo todo era trabalhoso e demorado: primeiro eu dava só o peito, depois oferecia o complemento pela sonda. Em algumas ocasiões (fora de casa, quando não havia nenhuma estrutura de berçário) eu apelava para a mamadeira. Enfim, eu não sacava os peitos e fazia o serviço a qualquer hora, em qualquer lugar. Nossas mamadas eram todo um processo, e eu percebia que eles iam perdendo a paciência conforme cresciam. Na mesma medida, o leite ia diminuindo…

Nos dois casos, o desmame partiu deles. Alice não pegou mais o peito no primeiro dia em que eu menstruei depois do seu nascimento – ela tinha quase 5 meses. Lucas foi perdendo o interesse e largou o peito de vez aos 8 meses. Chorei horrores, claro. A minha fantasia de amamentar exclusivamente e prolongadamente nunca se concretizou.

Por outro lado, consigo olhar para essas histórias e ver nelas uma vitória. Eu não tenho dúvida de que meus filhos teriam desmamado no primeiro ou segundo mês se eu tivesse usado só a mamadeira para dar o complemento – e esta é a orientação mais comum, infelizmente. O translactador foi fundamental para manter a produção de leite por 5 e 8 meses, e sou muito grata por ter aprendido essa técnica, que é fantástica e até então era completamente desconhecida por mim (e não foi apresentada e nem estimulada pelo pediatra dos meus filhos, a propósito…).

Tendo buscado orientação e sabendo do esforço que fiz para amamentar, consegui fazer as pazes com essas histórias e ver nelas um final feliz. Sei que escapei de um desfecho muitíssimo comum, que é o desmame ainda mais precoce por falta de apoio nas dificuldades. Várias mães me procuram com dificuldades parecidas, e compartilhar esse tipo de experiência pode fazer diferença na história de amamentação de muita gente. Informação é poder, moças. Aprender a discernir informação de qualidade de “desinformação” oportunista é fundamental. E cá entre nós: a informação de qualidade tem mais chance de estar na boca de uma mãe que já vivenciou o assunto do que na de um “especialista” na televisão – fica a dica ;)

.
.
.

esse post foi escrito e fotografado por Julinha Moreira (julinhamoreira@gmail.com), com os depoimentos de Juliana (mãe do Líam); Elisa (mãe do Dudu) e Mariana (mãe da Alice e do Lucas)

Pin It