Quando a gente descobre memórias

Acho que quem passa por aqui já notou que o blog anda meio parado. Não por falta de vontade, mas por pura falta de tempo. E esse post de hoje já está no forno há mais de mês, mas a correria de trabalho era tanta, que só hoje consegui essa folguinha, pra inaugurar o ano do blog com uma história muito especial.

Quando voltei de férias, no finalzinho de janeiro, meu pai tinha feito uma viagem curta, e voltou com uma relíquia que eu nem sabia que existia. O álbum de formatura de faculdade do meu avô. De 1938. E é claro que esse álbum me fez pensar em muita coisa. Uma delas foi o privilégio dele existir e poder contar uma história que aconteceu há 75 anos. Uma história que não poderia ser contada sem ele. Quantos desses formandos será que ainda estão vivos hoje? O meu avô morreu há pouco mais de 10 anos, mas esse pedaço da história dele, com uma foto de quando ele tinha 22 anos, pôde chegar até mim, aos quase 30. E eu pude conhecer através dos olhos um pouco do que eu sabia de história falada. E pude juntar com outras tantas memórias de quando eu era criança.

Eu me lembro do meu avô-médico. Mas me lembro de um avô-médico já velhinho, careca, ainda com alguns fios brancos fininhos. E sempre de bigode, o mesmo bigode que ele já usava aos 22 anos. Só que branquinho. Eu me lembro do meu avô, na varanda da casa de Marataízes, atendendo as famílias que chegavam pra consultas não marcadas. Criança que de repente ficava doente, e lá, na cidade pequena, muitos sabiam que podiam chegar a qualquer hora. Eu ficava espiando, no geral através de uma janela, e confesso que ganhei vários galos na cabeça, de levantar de repente, porque levantava rápido pra disfarçar a espiada, quando alguém da família chegava.

Esse álbum acordou muita memória querida. E me deu mais um pouco de memória.

E isso me lembrou que álbuns contam histórias. Que as pessoas passam, mas as histórias ficam. Que hoje as pessoas esqueceram a importância de tirar as fotos do HD do computador e transformar em álbuns. Ou em porta-retratos. Ou quadros. Não deixe sua história parada no computador, faça com que ela circule! Monte um álbum, deixe ele circular entre a família. Entre os amigos. Mostre para seus filhos, reencontre suas histórias antigas.

Esse post eu dedico a todos da família Moreira. Para todos que conheceram o vovô Edson, o vovô, o tio Mano. Para que possam conhecer um pouquinho mais da história dele, e para que esse pouquinho possa continuar circulando!

esse post foi escrito e fotografado por Julinha Moreira (julinhamoreira@gmail.com)

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8 comments to Quando a gente descobre memórias

  • Denise

    Que fotos lindas! Quero mais, tem?
    Beijinhos

  • Adelson Campos Moreira

    Ju, me enchi de orgulho de você, emocionante. Beijos.

  • Alexandre Campos Moreira

    Julia,
    Tio Mano era único! A lembrança da varanda é muito legal pois também já levei o Andrei lá para algumas consultas, fora os momentos de pura alegria nas nossas reuniões – conseguimos revivê-las um pouco este ano em janeiro. Muito bom!
    Esse negócio de foto digital em computador é complicado. Tenho feito o que você escreveu: vira e mexe mando imprimir fotos, mesmo porque não sou um grande entusiasta de computador… Outra coisa que fiz também e que fica como uma dica é mandar transformar os video-cassetes que temos em casa em DVD. Achei coisas incríveis, inclusive a filmagem dos 80 anos do seu avô. Vale a pena!
    As suas fotos estão incríveis são de uma delicadeza fantástica. Diz muito!
    Grande beijo do primo,
    Alexandre

    • julia

      Aquela varanda tem cada história, não é? É um dos corações daquela casa, já que não dá pra dizer que a casa do vovô tem só um coração. Esse ano foi uma pena eu não ter conseguido ir, mas vi as fotos e os vídeos que meu pai fez, e deu pra perceber que foi muito gostosa a festa!

  • João Pedro Vianna Secchin

    Maravilha!!! Julinha tio Mano era …é impar. Aprendemos muito com ele.Curtimos muita música boa naquela varanda. Aliás, aquela varanda é a varanda de Marataizes. Tive o privilégio de passar momentos inesquecíveis em companhia do Tio Mano. A nossa confraria teve início na saleta em Cachoeiro, muita música,tira gosto gostoso,e papos,papos, conversa fora,só alegria.
    beijos
    João Pedro

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